Encontro nacional discute futuro da alimentação no trabalho

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O setor de refeições coletivas movimenta mais de R$ 21 bilhões na economia por ano, gera 350 mil empregos diretos, consome 7 mil toneladas de insumos por dia ao alimentar mais de 37 milhões de pessoas em empresas, hospitais, instituições de ensino públicas e privadas, locais remotos (plataformas e sites on e offshore), entre outros. Para discutir seu futuro em um ambiente de negócios impactado pelas novas relações de trabalho e pela Reforma Tributária, a ABERC realizará, em 30 de outubro, no AMCHAM Business Center (São Paulo), o 2º Seminário ABERC “Novos Horizontes na Alimentação Coletiva: Conhecimento e Transformação”.

Entre os principais palestrantes confirmados estão os economistas Marcos Lisboa, economista e ex-presidente do Insper, que fará uma análise dos desafios da econômica do país para 2025 com foco na inflação, mercado de crédito, infraestrutura e logística; e o professor Marcos Cintra, da FGV, que abordará os impactos dos ajustes que estão sendo feitos pelos entes federativos até a implantação da Reforma Tributária (2026).

A consolidação do setor, predominantemente composto por empresas familiares, demanda uma ampliação das práticas de governança e um aumento da rentabilidade a fim de atrair investidores. Para discutir essas questões serão painelistas Geovana Donella, membro do comitê de ética e Compliance da FIA-USP e sócia-fundadora da consultoria Donella & Partners, e o consultor em M&A e Corporate Finance Gonçalo Sá, sócio-fundador na VGL Fusões e Aquisições.

Pesquisas inéditas

Além de traçar um cenário sobre como o setor pode aproveitar oportunidades em novos mercados e com inovações, o presidente da ABERC e fundador da Sapore, Daniel Mendez, apresentará a pesquisa ‘Panorama da Alimentação no Trabalho’, encomendada ao Instituto Qualibest, que revela os hábitos dos brasileiros ao se alimentar fora de casa, durante o período de trabalho.

A CEO da Galunion, Simone Galante, apresentará um mapeamento sobre como o setor tem utilizado ferramentas tecnológicas para otimizar os serviços operacionais na cadeia de produção, além de compartilhar sua percepção sobre o mercado de refeições coletivas e os desafios futuros que precisam ser compreendidos.

Apagão de mão de obra

A escassez de mão de obra, especialmente a dificuldade de contratação em determinadas regiões, também será tema de discussão durante o Seminário. Eliezer Souza, diretor de recursos humanos da ABERC, Flávio Santos, diretor-executivo da WeCanBR Recursos Humanos, e Luiz Nascimento, presidente do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Cultural (INDESC) e dirigente sindical, participarão do debate, mediado por Rogério da Costa Vieira, vice-presidente da ABERC. O grupo abordará as dificuldades na contratação de trabalhadores qualificados no setor de refeições coletivas, os desafios para criar estruturas claras de progressão de carreira que ajudem a reter talentos e as estratégias para incentivar os jovens a valorizar o setor, que enfrenta uma alta taxa de turnover, na casa dos 77% ao ano. Esse encontro será o início do debate, que continuará em um novo Fórum organizado pela ABERC, previsto para novembro desse ano.

Conquistas da edição de 2023

Na edição do ano passado, a ABERC apresentou reivindicações do setor, que foram encaminhadas ao Congresso Nacional em fevereiro de 2024. Essas demandas buscavam adaptar as relações de trabalho à realidade atual, visando garantir condições mais adequadas para trabalhadores, empresas e governo.

Inserção do artigo 272 dentro do Projeto de Lei da Reforma Tributária (PL 68/2023). O texto visa garantir que o setor de refeições coletivas seja enquadrado como não cumulativo, permitindo assim que os impostos pagos em etapas anteriores sejam descontados nas transações seguintes. Anteriormente, o setor era inserido nas regras dos restaurantes de rua (comerciais) com os impostos sendo compensados no consumidor final. A não cumulatividade impede o aumento sucessivo de impostos, trazendo neutralidade fiscal para o setor.

Modernização do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A ABERC solicitou, entre outras medidas, a revisão das alíquotas de descontos e incentivos, passando de 4% para 6%, além da atualização do valor unitário da refeição estipulado na legislação vigente. Segundo a ABERC, o Ministério do Trabalho deu início ao atendimento dessas demandas com a criação da Portaria 1707/24, que contemplou parte das solicitações.

Estímulo ao uso de produtos da agricultura familiar: por meio do reconhecimento tributário para empresas de refeições coletivas que adquirirem diretamente dos pequenos produtores. Quanto às melhorias atreladas ao reconhecimento tributário para a cadeia da agricultura foi incluso o pleito no PLP 68/24 que se encontra em análise no senado federal.

Foto: Pexels/Andrea Piacquadio