Segundo dia da 30ª edição do Futurecom recebe Ministro das Comunicações e anuncia avanços em inclusão digital e data centers

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O segundo dia da 30ª edição do Futurecom, maior plataforma de conectividade, tecnologia e inovação para a América Latina, foi marcado por painéis de alto nível e discussões sobre tendências, desafios e soluções emergentes em comunicação. O encontro reúne cerca de 300 marcas expositoras em uma área de mais de 25 mil m² até o dia 2 de outubro.

Durante sua participação, o Ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, anunciou que o Governo Federal está acelerando o lançamento do Plano Nacional de Inclusão Digital, com o objetivo de reduzir desigualdades sociais e tecnológicas no país. A iniciativa, que terá atuação conjunta de diversos ministérios, atenderá comunidades vulneráveis — como quilombolas e indígenas —, promovendo o acesso à internet e a recursos digitais essenciais.

Essa proposta se soma a programas em curso, como o Wi-Fi Brasil e o Escolas Conectadas, que já levam conectividade e dispositivos a áreas remotas. O ministro também ressaltou o projeto Redata, cuja meta é transformar o Brasil em um centro regional de processamento e armazenamento de dados, por meio de incentivos fiscais e da integração de tecnologias Edge, aumentando a eficiência da navegação digital.

Uma das novidades do encontro é que, pela primeira vez, especialistas brasileiros podem acessar diretamente o conteúdo do prestigiado Data Center World, sem necessidade de deslocamento internacional. O tema foi debatido no painel “Orquestração de infraestrutura híbrida em nuvem, Edge e data centers tradicionais”, com a presença de Rodrigo Radaieski (Ascenty), Joselito Bergamaschine (Atlantic Data Center), Victor Arnaud (Equinix) e Sylvia Bellio (Itltech).

No debate “Latam Connectivity: Crescimento e Desafios do Mercado Latino”, os palestrantes ressaltaram que a região tem potencial para liderar a próxima fase da transformação digital global. Com 30% da população ainda desconectada da banda larga e um mercado B2C em expansão de 5% a 10% ao ano, a América Latina apresenta oportunidades tanto no consumo quanto em soluções corporativas. O segmento B2B também vem ganhando força com redes privadas em setores como mineração e agronegócio. A discussão, mediada por Jorge Fernando Negrete, presidente do DPL Group, contou com a presença de nomes como Tiago Silveira, sócio da McKinsey, Alex Jucius, co-fundador da Giga+ Fibra; Maryleana Méndez, diretora geral da Asiet; Álvaro Britto, vice-presidente da Ufinet; e Rodrigo Robles, program officer da União Internacional de Telecomunicações (UIT) da ONU.

Joselito Bergamaschine, vice-presidente da Atlantic Data Centers, afirmou que inteligência artificial e cibersegurança são hoje aspectos fundamentais. A proteção precisa estar presente em todas as etapas — da operação comercial à gestão de energia e cargas. Para ele, integrar processos e ferramentas é uma tarefa complexa, porém essencial. Na sua visão, é inviável construir um centro de dados moderno sem contemplar esses dois pilares. “Nenhum sistema é completamente invulnerável, e por isso, estruturas desse tipo devem ser pensadas como grandes centros comerciais — com planejamento e proteção em cada detalhe”, destacou.

Já a sessão “Plano Nacional de IA e Competitividade Digital” reuniu representantes dos setores público e privado para discutir a implementação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê R$ 23 bilhões em investimentos até 2028, com foco em infraestrutura, pesquisa, regulação e aplicações práticas de IA. Eliana Emediato (MCTI) reforçou a importância de atualizações constantes, diante da rápida evolução tecnológica, e a necessidade de soluções adaptadas ao contexto nacional. Também participaram: Luis Fernando Prado (Associação Brasileira de IA), Andriei Gutierrez (Abes), Carlos Nazareth Motta (Inatel), Gustavo Nery (Anatel) e Affonso Nina (Brasscom).

Nova eletricidade

É consenso que não devemos ficar parados. Do ponto de vista de Ronaldo Lemos, advogado especialista em tecnologia, quando se trata de Inteligência Artificial e a transformação que ela provoca na sociedade, “ficar parado não é uma opção e o risco da inação é irreparável”. Em sua palestra na 30ª edição do Futurecom, Lemos compara a IA com “a nova eletricidade e quem se eletrificar primeiro vai sair na frente e colher os melhores resultados”. Ou seja, empresas e indivíduos que demorarem a reconhecer essa tendência vão perder grandes oportunidades e se tornarem obsoletos.

Segundo dados apresentados pelo especialista, o investimento em desenvolvimento de sistemas de IA já atingiu US$ 1 trilhão, o que representa o maior da indústria até hoje. O impacto desse fenômeno na sociedade é relevante e os mecanismos de IA já influenciam a tomada de decisões. Isso provoca mudanças não só na vida pessoal, mas principalmente no universo dos negócios.

Um novo conceito apresentado por Lemos, por exemplo, é a migração do modelo de e-commerce para a-commerce (agentic commerce), que assume as decisões de compras em marketplaces de acordo com o pedido das pessoas, busca as melhores ofertas, coloca no carrinho de compras e espera autorização de pagamento para efetivação.

Essa transformação leva as empresas a alterarem sobremaneira o CRM para o VRM – Vendor Relationship Manager. “Todas terão de se atualizar e se adaptar ao volume de tráfego de dados e à demanda do a-commerce, não tem saída”, enfatiza Lemos.

Para esta quinta-feira (2), o destaque da agenda é o painel “Conectividade em 2055: a comunicação e conexão em 30 anos”, às 11h15, com a participação de especialistas como Paulo Sergio Rufino Henrique, Jean-Pierre Bienaimé e Anderson Jacopetti. O grupo debaterá avanços como biochips de comunicação, redes neurais simbióticas e holografia tátil — tecnologias que prometem transformar o setor de telecomunicações e abrir novas fronteiras de inovação.

Outros destaques da 30ª edição do Futurecom 2025 em painéis do Future Congress, Futurecom Cyber e Future GOV:

  • Automação inteligente com robôs de delivery
  • Conectividade indoor contínua para residências e escritórios
  • Redes celulares privativas de instalação rápida
  • Mapa interativo de cobertura 4G em rodovias brasileiras, com implantação prevista até 2028.
  • Inovações em segurança, como geradores de névoa integrados a sistemas de alarme
  • Monitoramento remoto avançado e dispositivos IP de alta resistência para ambientes críticos
  • Soluções em telefonia IP integrada a aplicativos de mensagens e redes sociais Servidores de alta performance produzidos no Brasil para data centers e aplicações em nuvem
  • Infraestrutura para Telecom, Data centers e Set-top Box para TV 3.0
  • Computação Quântica

Foto: Divulgação